AGORA TAMBEM TEXTOS SEM ACENTUACAO E SEM PONTUACAO

SOU O QUE SEREI

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Reverência ao velho bruxo

É fato que no mundo da música a maior parte dos artistas são mercenários mais preocupados com cláusulas contratuais do que com a qualidade do trabalho. Mas mesmo entre os consagrados e com décadas de estrada, existem aqueles que se mantém fiéis ao compromisso de continuar fazendo boa música. Um dos maiores exemplos é o mestre King Diamond:

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

A PEREGRINAÇÃO II


A PEREGRINAÇÃO DO SERVO DE ISHTAR

Parte II






Grandioso, mágico, místico
Um abalo em minha tétrica cordilheira de ceticismo
Transgressão, redenção e salvação
Porque
Roubei as jóias de Jowo
Pedi perdão a Avalokitesvara
E agora abandono meu corpo em sacrifício a Maitreya.
Minha esposa dominicana dissimula com o lama, em inglês.
Eles vão, eu fico.
E ainda estou por aqui
Em toda parte
No floco inerte de neve no cume da montanha
Na raiz que penetra infame o solo mais arredio
No assobio da brisa que jamais se cala.
O tibete segue.


 Termo relacionado: A peregrinação do servo de Ishtar - Parte I - http://partesforadotodo.blogspot.com/2010/09/peregrinacao-do-servo-de-ishtar.html

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

MONDO ZINE

Apenas uma amostra do que anda acontecendo à nossa volta:

DIEGO EL KHOURI é uma das maiores revelações do cenário independente atual, e o MOLHO LIVRE é uma amostra de seu trabalho. Esta 1ª edição apresenta colagens à moda antiga, ótimos textos e ilustrações. O grande diferencial de Diego é não sofrer de auto-censura, problema que castra muitos talentos por aí. Assim, ele expõe sem pudor todas as idéias, belas ou sujas, mas sempre criativas, que gravitam em sua mente.

Contatos:
diego.doug@hotmail.com
http://molholivre.blogspot.com







 O BERRO faz jus ao título, e como! a capa ao lado diz tudo. O berro é isso, é extravasar e expor de forma crítica tudo que acontece na sociedade dos homens. Este zine já está em sua 18ª edição e vem criando história, já tendo se firmado como um dos maiores expoentes da produção cultural reacionária em circulação. Esta edição apresenta diversos artigos, poemas, com destaque para o texto de Anita Rink sobre o filme Avatar e o paganismo, e entrevista com o lendário cartunista Laerte conduzida por Fábio da Silva Barbosa. O Berro vem sendo produzido bimestralmente pelas mãos do incansável WINTER BASTOS.

o.berro@hotmail.com
http://expressaoliberta.blogspot.com
















renatorosatti@yahoo.com.br
www.juvenatrix.blogspot.com

É uma grande satisfação quando acompanhamos um zine e percebemos que cada nova edição supera a anterior. E é o que vem acontecendo com o REBOCO CAÍDO, do guerreiro FÁBIO DA SILVA BARBOSA. O nº 3 apresenta excelentes colaborações, com destaque para os poemas de Egibson, Queiroz Filho e Diego El Khouri. A versatilidade do Fábio transparece em todo o zine, especialmente nas entrevistas, que vão desde autores com pouco espaço em mídia até medalhões já consagrados. Se a democracia não existe nas esferas política e social, aqui ela predomina. É um espaço aberto para aqueles que tem algo a dizer, seja um manifesto crítico ou a mais pura expressão artística.

Contatos:
fsb1975@yahoo.com.br
www.rebococaido.blogspot.com

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

LEI

Está determinado, consagrado e legitimado. Agora

cada dia passado no emprego = uma postagem no blog.

Cumpra-se.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

NECESSIDADES


(por: Wagner T.)

Dalva  buscava felicidade. Então comprou um livro de auto-ajuda.
Joarez buscava prazer. Então estuprou Dalva.
Neusa buscava paz. Então matou Joarez.
O juiz Diógenes buscava justiça. Então confessou à imprensa todos os seus crimes.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

APENAS MAIS UMA NOITE SEM FIM

(por: Fenilisipropilamina Man)

Acordo às 3 da manhã. Decido sair. Pego um táxi. "Pra onde, senhor?" "Direita." "Mas pra qual bairro o senhor deseja ir?" "Quero ir pra direita, porra. Já disse." Depois de virar pergunta: "E agora, senhor?" "Eu mandei parar? Ou virar?" "Não, senhor." "Então segue em frente." Porra, taxista burro do caralho. Ele se mantem impassível e educado. Ou está absolutamente acostumado com bêbados, ou está com medo de eu ser algum maloqueiro bandido e não quer correr o risco de ser roubado ou morto. Não ficaria surpreso de ele me imaginar um bandido. Minha aparência deve estar péssima. Tem mais de uma semana que não me olho num espelho. Acho que se me ver nem me reconheço. Uma ex-namorada dizia que tenho cara de cachaceiro. Qualquer um que olha pra mim percebe que sou cachaceiro, dizia ela. Segundo ela, todos os cachaceiros tem uma fisionomia de cachaceiro, não dá pra esconder. Era a coisa que ela mais odiava em mim, a cara de cachaceiro, pior que o bafo. Bom, ela agora é ex, então dane-se. Um noticiário noturno no rádio comenta sobre os jogos de futebol do fim de semana. O taxista puxa assunto: "Esse ano tá bem disputado, né? Vai ser assim até o final. Torce pra algum time?" "Sim, Náutico Capiberibe." "Então você é pernambucano?" "Não, paulista." "Ah."
Existe coisa mais sem graça que ser paulista? Se você é mineiro, as pessoas abrem aquele sorriso: puxa, adoro Minas, meu pai, meus 12 tios e 35 primos meus são de lá, adoro a culinária e a cachaça mineira. Se você é carioca: adoro passear no rio, as praias, as festas, a putaria. Se você for nordestino, todos adoram o clima, o espírito festivo. Se é do sul, todos adoram a qualidade de vida e as belas mulheres. Mas se você é paulista, as pessoas dizem apenas: "ah!" Quase soltam um “puxa, sinto muito.” Passamos por um quarteirão movimentado, o carro pára no sinal. Ao lado, uma puta, feia como o inferno, me olha com interesse. Atrás dela, um boteco copo-sujo, onde um bêbado gorducho acabado conversa alegremente com outra puta medonha. Me atordoa um lampejo de estranha lucidez e começo a falar, não sei se pro taxista ou pra mim mesmo. "Sabe, nos últimos 5 anos sempre transei totalmente chapado. Entende o que isso significa? Tem 5 anos que não me lembro de nenhuma trepada que tive." O taxista continua cortês e amigável: "Puxa, triste isso." "É. Ou não." Minha cabeça pesa. Sinto um sono repentino. Cabeceio um pouco, mas não vou dormir.

Acordo em uma calçada. Uma rua vazia. Que lugar é esse? Não me lembro de nada. Como cheguei aqui? Parece ser tarde da noite. Vamos lá, lembre, porra, o que estava fazendo? Lembro que fui numa festa com o Silverado. Ele estava de carro e me daria carona. E então... filho da puta, me largou no meio da rua. Aproveitou que eu estava chapado. O escroto sempre reclamou de que moro longe. Passo a mão nos bolsos. Sem carteira, sem nenhum dinheiro. E ainda me roubou, o filho da puta. Encontro o celular. Ligo pra ele. Como minha cabeça pesa. "Alou." "Silverado? Filho da puta. Por que me largou na rua?" "O quê? Tá maluco, porra?" "Alou. Alou." Desligou, cretino do caralho. Cambaleio pela rua. Deve ser alta madrugada. Vejo dois lixeiros na esquina recolhendo os restos de porcarias inúteis. O trabalho mais enriquecedor que existe é o de lixeiro. O lixeiro vê o mundo como realmente é: um amontoado de lixo. Tropeço no nada, caio sentado na calçada. Parece que alguém grita meu nome. Que vontade de dormir.

Acordo. Do lado da cama uma garrafa de pinga. Vazia, claro. Se não está na minha mão, logicamente está vazia. Levanto da cama, nu. Está frio. Abro as gavetas procurando uma cueca. Cadê minhas cuecas, porra? Que roupas são essas? Só tem calcinhas, sutiãs, shortinhos. Só então percebo que aquele guarda-roupa não é o meu. Esse quarto não é o meu. Que merda de lugar é esse? Então ela surge na porta. Rolina. Me abraça e me dá um beijo. "Oi, já levantou? Amor, essa noite foi maravilhosa. Eu achei nossa melhor transa de todas." "Eu também achei, pitchula." "Onde aprendeu a fazer aquilo?" "É... eu vi num filme." Rolina é minha namorada há 3 anos. Não me lembro de nenhuma das nossas transas. Nem imagino o que fizemos, se foi bom ou não, se ela é boa de cama ou uma mosca morta. "Se arruma aí pra gente ir." "Ir onde?" "Já esqueceu, porra? Vamos almoçar na casa da minha irmã." "O quê? Por quê?" "Porque você prometeu, porra." "Prometi nada." "É sempre assim, seu filho da puta. Você nunca faz nada do que quero." Olho ao redor, no chão, nos cantos, e no criado-mudo, procurando alguma bebida. Nada. Que merda. Volto a deitar na cama. "Tou cansado, vamos dormir." "E você faz outra coisa? Tem dois dias que não sai dessa cama. Quer saber de uma coisa? Pra mim chega." Ela abre o guarda-roupa e começa a jogar todas as roupas na cama. Depois pega uma mala grande debaixo da cama e coloca a roupa lá. "O que está fazendo?" "Eu vou pra casa da minha irmã e não volto mais. Você que fique aí." Ela enche outra mala e sai carregando as duas com dificuldade. "Adeus." Depois de alguns segundos ouço a porta da frente bater num estrondo. Ela briga comigo e vai embora de sua própria casa. Por que só namoro essas malucas?

Durmo até de noite. Quando acordo, vou até o banheiro e lavo o rosto. Me vejo no espelho. Rolina tem um grande espelho sobre a pia. Estou ficando careca. É melhor eu aparar essa barba qualquer dia. Que cicatriz é essa na testa? Passo a mão, tá totalmente cicatrizada, mas deixou uma marca violenta. Parece que foi um corte profundo. Vou pra casa. Procuro minha roupa, mas não acho. A vadia levou minha roupa também? Ouço meu celular tocando. Tá na cômoda. "Alou." "E aí, maluco? Bora chapar? Tou com umas paradas da hora aqui." "Quem tá falando? É o Ogro?" "É." "Chega aí, maluco. Tou na casa da Rolina. Mas traz umas roupas, a piranha me largou pelado aqui." Volto a deitar enquanto espero o Ogro.

Acordo com frio. Tou na calçada. Fim de madrugada. Uma poça de vômito do meu lado. Ainda bem que sempre durmo de lado. Levanto com dificuldade. Puta merda, tou todo quebrado. Tou de frente pra porta do meu prédio. Menos mal. Será que cheguei sozinho aqui? Não me lembro pra onde saí essa noite. Como minha cabeça pesa. Espere, eu estava com algum maluco. O Silverado. Isso, ele me chamou pra uma festa. Filho da puta, porque não me jogou dentro de casa? Procuro as chaves nos bolsos. Nada. Aliás, nada de nada nos bolsos, só meu celular. Porque aquele filho da puta me largou aqui sem nada? Espero que algum dos caras esteja no apê. Aperto o interfone. Aperto de novo. E de novo, com força. Seguro o botão direto, por uns três minutos. Até que um estalo, e a porta abre. Pego o elevador, chego em casa, a porta está destrancada. Na sala e na cozinha, ninguém. Fome. Acho que vou cozinhar qualquer porcaria. Abro os armários, nenhuma panela. Cadê as panelas, caralho? Já vi, todas na pia. Na pia e no chão. Quando a pia encheu, começaram a largar as panelas e pratos sujos no chão. Por que ainda moro com esses malucos inúteis?

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

ORGASMOS MÚLTIPLOS

(por Reverendo W. Van Baco)
 
Estou te esperando desde as onze. Eu sei, desculpa, você sabe como é televisão. Imprevisível. Tudo bem, vem cá. Plínia se despe, bem devagar, com a habilidade de uma stripper. Plínia é casada. Seu marido é completamente apaixonado. Não é pra menos, Plínia é PhD em sexualidade humana. Escreveu Best Sellers sobre sexo. Cruza o país ministrando palestras. Participa de um programa de TV em que tira dúvidas dos espectadores. A Transa dura 65 minutos. Muitas posições, velocidades, brincadeiras. Ele goza. Ela não. Vamos, diga se sou ou não sou melhor que seu marido. Plínia apenas sorri carinhosamente em resposta. Em 15 anos de casamento, nunca teve um orgasmo. Nos namoros e transas anteriores, também não. Com os vários amantes que teve nestes anos de matrimônio, muito menos. Nem com homens, nem com mulheres. Plínia simplesmente desconhece essa sensação misteriosa que dizem ser mágica. Mas prefere não pensar nisso. Dedica-se ao sucesso profissional. Ela possui centenas de fãs. É admirada. É desejada. Daí tira seu prazer. Plínia é feliz. Não pode reclamar da vida. Sua rotina é trabalho e antidepressivos. Após cada comprimido ingerido, repete para si mesma que não tem orgasmos porque não precisa deles.