AGORA TAMBEM TEXTOS SEM ACENTUACAO E SEM PONTUACAO

SOU O QUE SEREI

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

ANORMAL ZINE 11

ISSO MESMO!!! ESTÁ DISPONÍVEL MAIS UMA EDIÇÃO HISTÓRICA DO ANORMAL ZINE !!!

E se você gostou do Anormal Zine Ultra Deluxe Maximum Premium Anthology e imaginou que a nova edição seria igual, SE FUDEU TOTALMENTE!!!
Lamentamos, mas uma das premissas do AZ é destruir expectativas, sendo assim:

O AZ 11 É COMPLETAMENTE DIFERENTE DOS ANTERIORES, CONFIRA:












NÃO, NÃO. O QUE VOCÊ VÊ ACIMA NÃO É UMA CAMISA IMPRESSA NA FRENTE E NAS COSTAS. É UM ESPETACULAR FANZINE DE DUAS PÁGINAS!!! O PRIMEIRO FANZINE EM FORMATO CAMISA DE QUE SE TEM NOTÍCIA! TUDO QUE VOCÊ APRENDEU A AMAR (NA MARRA) ESTÁ LÁ: HQs, TEXTOS, MONTAGENS E LOUCURAS DIVERSAS.

AGORA O ANORMAL POSSUI AINDA MAIS FUNÇÕES: FANZINE, VESTIMENTA, PANO DE CHÃO, ETC. PEÇA LOGO O SEU NO wnyhyw@gmail.com



ANORMAL CAMISA ZINE 11

EM UM VARAL PERTO DE VOCÊ


quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

REBOCO CAÍDO UM ANO


 É, o Reboco Caído completou um ano de circulação underground afora. A impressão é de que esse zine tem muito mais tempo de existência, tamanha é a sua atuação e relevância do material lançado nesse período. Sendo assim, a edição de nº 8 é uma coletânea aleatória de diversos contos, poemas, entrevistas, idéias, montagens e HQs publicadas nos números anteriores. Excelente oportunidade para quem ainda não conhece. Para quem conhece, vale guardar essa edição especial.

Contato: Fábio da Silva Barbosa - www.rebococaido.blogspot.com - fsb1975@yahoo.com.br - Cx. Postal 100050, Niterói, RJ, cep 24020-971



terça-feira, 29 de novembro de 2011

VEM AÍ














A CONCLUSÃO DESTA MIRACULOSA AVENTURA VOCÊ JÁ SABE ONDE VAI ESTAR, NÃO É?


É ISSO MESMO. VEM AÍ...


ANORMAL ZINE 11

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

FAST ZINES

Dois zines de leitura rápida estão circulando por aí. Mas não se engane: nesse caso consumo rápido não quer dizer porcaria, são obras de excelente conteúdo. Pra ler e reler:

O KHNEIRA ficou um bom tempo sem mostrar as caras, mas agora reaparece em sua 9ª edição. Zine muito hilário com HQs, desenhos e montagens do DOLA. Vale a pena conhecer.

Contato: Marcelo Dolabella - khneira@gmail.com - www.khneira.blogspot.com


Já o JANELA PODEROSA segue como um dos mais regulares zines da atualidade. A parada já está no nº 10. Esta edição é uma entrevista com o ilustrador Hugh Syme, consagrado principalmente por seu trabalho junto ao Rush. Mas não é uma entrevista convencional, segue aquele padrão absurdamente criativo e inovador que já foi comentado aqui no blog. Um deleite visual e sempre ótima leitura.






Contato: Ric Ramos - janelapoderosa@gmail.com - http://www.janelapoderosa.blogspot.com/


terça-feira, 11 de outubro de 2011

Capítulo 2061


Acho que não há mais nada a ser dito, mas continuo.

Capítulo 1030
Minha vida é assim. Pela metade. E com erro de cálculo.

Cap. 2062
Uma vez fui num sarau. Vários poetas declamaram. Todos falavam muito bem. Eram expressivos. Receberam muitos aplausos. Tive muita inveja aquele dia.

Cap. 2063
Adoro cozinhar. Hoje fiz um risotto à milanesa sensacional. Vou passar a receita pra você.
Ingredientes:
400 gramas de arroz
80 gramas de manteiga
1 litro de caldo de carne
1/2 cebola média
1 sachê de açafrão
1/2 taça de vinho branco seco
60 gramas de parmesão
sal a gosto
Inicialmente, pique a cebola e coloque para dourar em fogo brando com metade da manteiga. Acrescente o arroz e refogue por 2 minutos, mexendo sempre. Banhe com o vinho e deixe evaporar em fogo alto (mais ou menos 2 minutos). Com uma concha, vá acrescentando aos poucos o caldo de carne temperado com sal, que deve estar sempre quente, quase em ponto de fervura. Deixe cozinhar por 12 minutos mexendo de vez em quando e, à medida que o arroz for absorvendo o caldo, acrescente mais. Misture o açafrão em um pouco de caldo e derrame no risotto, misturando bem para tingí-lo uniformemente de amarelo. Acrescente rapidamente o restante da manteiga e o parmesão para que escorra por todo o arroz. Misture mais uma vez com força e sirva imediatamente. O segredo do risotto está no arroz. Tem de ser um arroz de qualidade, isso é fundamental. Deve liberar amido suficiente, durante o cozimento, para juntar os grãos sem grudá-los. Eu prefiro o italiano. Seu tempo de cozimento deve ser de 16 a 18 minutos. Importante: os grãos não devem ser lavados, para que mantenham maior quantidade de amido e, portanto, seu poder de absorção. O produto utilizado e as adições constantes de caldo e mexidas esporádicas resultam em um saboroso prato de consistência cremosa. Depois da janta eu assistia TV quando o telefone tocou. Era minha filhotinha. “Ei, papai”. Coisinha mais linda. Aguardo ansioso o sábado, pra passar todo o dia com ela. A cada dia mais linda e inteligente. Vejo um grande futuro pra essa menina. Eu darei tudo que ela precisar. Tudo.

Cap. 2064
Não posso reclamar da sorte. Tenho muita sorte. Eu acho.

Cap. 2065
Ela diz que sou um grande amante. A mãe da minha filha também comenta isso. Até hoje. Vive me dando cantadas sutis. Não acredita quando digo que estou com outra.

Cap. 2066
Tenho minhas qualidades.

Cap. 2067
Foi um dia bem curioso. Primeiro, fomos visitar os pais dela. Odeio os pais dela, mas ela disse que era um almoço importante, alguém tinha alguma novidade pra contar. No evento estavam também o irmão dela com a namorada, e as duas irmãs com os respectivos maridos e respectivos bebês. Uma família comum e monótona. Trocamos blábláblás diversos enquanto degustamos uma boa macarronada, até que o pai dela enfim anuncia o casamento. Era só o que me faltava. Ela vibra com a notícia, solta um sorriso radiante, abraça muito o irmão. Muito feliz pelos dois, estão fazendo a coisa certa. Pronto, agora ela vai querer casar também. Não vai aceitar ser a única solteira da família. Só o que me falta. Passamos o resto da tarde reunidos. Conversamos futilidades. Agora só eu ali não pertenço oficialmente à família. Sou um sujeito paciente e educado, um bom namorado afinal, suportei aquilo até o início da noite. “Já é tarde, melhor eu pegar meu ônibus pra casa”. Ela me acompanha até o ponto, são alguns bons quarteirões dali. Sugere uma caminhada pela praia. Não recuso, sou um namorado educado. Passeamos pela areia em silêncio. Ela, tão faladeira, nunca fica em silêncio. Sei o que está pensando. Logo vai jogar indiretas sobre o casamento da irmã, como aquilo tudo é bonito e tal. No entanto, quando finalmente fala, as palavras são surpreendentes:  “Vi seu caderno.” “Que caderno?” “Um de capa rosa. Estava junto com os cadernos da escola que você me emprestou. Você deve ter misturado sem querer.” Não digo nada, apenas olho em linha reta enquanto caminhamos. “Não sabia que você escrevia”. Dou de ombros. “Todo mundo escreve hoje em dia. Qualquer inútil tem um blog. Porque eu também não deveria escrever?” Ela dá uma boa risada. “O que é? Um romance? Aquele caderno começa no capítulo 1019 e vai até o 1250”. “Não é um romance. É um diário”. Alguns segundos de pausa. “Um diário... então aquilo tudo é real...” O humor dela muda. Seriedade. “A maior parte sim, mas alguns capítulos eu inventei”. Finalmente olho pra ela, virada pra areia, expressão indecifrável . “Você escreveu tudo isso? Mais de 1000 capítulos?” “Nem todos. Alguns eu deixei apenas na mente. Os outros estão espalhados em cadernos diversos, e também na internet”. “Escreveu sobre mim?” “Claro. Não seria meu diário se não falasse sobre você. O capítulo 1600 narra o dia em que nos conhecemos”. Voltamos ao silêncio. Ondas ricocheteiam na orla. Adoro a praia durante a noite. Essa quietude, apenas o som do mar. Uma repentina vontade de mergulhar nessas águas enegrecidas pelo crepúsculo. Ficar lá, boiando, deixar a maresia me levar. Ela não diz mais nada, está ainda mais séria e reflexiva. Ela que nunca fica séria. Não tento mais ler seus pensamentos. “Melhor voltarmos pra rua. Meu ônibus irá passar em 5 minutos.”

Cap. 2080
A escrita iniciou juntamente com a esquizofrenia. Antes escrevia mais, madrugadas inteiras. Acho que, inexoravelmente, a preguiça é parceira do tempo. Inexoravelmente. Sempre quis usar essa palavra. Não sei se foi adequado.

Cap. 2081
Não sou muito inteligente, mas pelo menos assumo isso. Esses esnobes da escola são tão ignorantes quanto eu, a única diferença é que eles falam bem, eles sabem enganar. Se são tão inteligentes e cultos, porque estão fazendo Supletivo? Eles pensam que vão formar antes de mim, mas não vão. Logo completo o médio e vou pra faculdade. E aí serei advogado. E aí vou ferrar com todos eles.

Cap. 2082
A televisão está falando de novo sobre o cara que caiu do viaduto. O nome dele era Carlos Aldrecht. Estudante de educação física. Muita gente foi no enterro. Tinha muitos amigos. Uma filha de quatro meses. Tinha sonhos. Tinha um pai e uma mãe que choram sem parar. Todos gostavam muito dele. Segundo o repórter, uma testemunha viu o Carlos ser empurrado lá do alto. Mas não é possível. Estava tão escuro aquele dia, como pode ter visto?

Cap. 2083
Depois de dois litros, era tudo tão bonito.

Cap. 2084
Algumas coisas não deveriam ser ditas. Ou escritas. Isso é um erro.

Cap. 2085
A tia do 1003 às vezes senta na entrada do prédio com seu Yorkshire e fica ali, sentada, vendo o movimento, o dia morrer. Velha inútil. Lembro com profundo pesar de quando eu também era um inútil. Quanto tempo perdi. Talvez eu devesse acordar a velha.

Cap. 2086
Quando comecei a escrever passei a refletir sobre coisas que fiz. Se realmente deveria ter feito. Também penso naquilo que talvez eu devesse ter feito e não fiz.

Cap. 2087
O não feito é muito doloroso. Mas agora é diferente. Não deixo mais as coisas por fazer.

Cap. 2088
Não sou um bom escritor, admito. Nem tenho pretensão de ser.

Cap. 2089
Gosto de assistir TV. É relaxante. Só não vejo novela. Minha mãe acompanhava todas. Falava que um dia nós teríamos uma casa bonita como aquelas da novela. Minha mãe está morta. Enterrada no cemitério mais bonito da cidade.

Cap. 2090
A última garota que estuprei foi bem frustrante. Ela não depilava. Fiquei puto e acabei broxando. Fui embora, mas dei uma boa bronca nela. Que isso não se repita mais.

Cap. 2091
Por favor, aplaudam. Preciso melhorar minha auto-estima.

Cap. 3
Entendeu agora? Não podemos apenas viver o presente. Nem ficar pensando apenas no futuro. É necessário frequentemente reescrever o passado.

Cap. 2
Não consigo. Apenas fecho os olhos.

Cap. 2092
Deus não comete erros. Então aquilo era certo. Se aconteceu, é certo. Se fosse errado, Deus não deixaria acontecer. Sou feliz afinal. Consciência tranqüila.

Cap. 2093
Eu não acredito. Não acredito em felicidade. Por quê, Deus? Por que nunca sei o que fazer?

Cap. 2094
Ela disse que me ama. Como pode me amar? Será alguma maluca? Não posso amar uma maluca. Mas devo. Uma nova esperança pra mim. Mais uma.

Cap. Final
Boa noite, ainda que seja dia.

Cap. 2095
Lembrei de uma coisa importante. Não... não é tão importante assim. Deixa pra lá. Vou pra cozinha, preparar uma boa bacalhoada.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

CONAN, O FILME

Há um bom tempo estava querendo fazer um post sobre o 1° filme do Conan. Agora que saiu mais um, é a oportunidade para tecer alguns comentários sobre a trajetória do bárbaro no cinema. Então vamos lá.

Conan foi criado em 1932 por Robert Ervin Howard, um dos precursores do gênero espada e magia. Suas aventuras foram publicadas na revista “pulp” Weird Tales por quatro anos, e chamaram a atenção pelo talento literário e imaginação fértil de Howard. Além dos elementos épicos, Howard incrementava suas histórias com pitadas de erotismo e horror, que lhes dá um diferencial ainda hoje em relação a outras obras do gênero. Um dos correspondentes com quem trocava idéias era simplesmente H.P. Lovecraft, o mestre do terror, e cada um influenciou decisivamente a obra do outro. Howard ainda realizou uma acuradisima pesquisa histórica para ambientar suas aventuras. O mundo de Conan, batizado de Era Hiboriana, é um exercício imaginativo de como poderia ter sido o mundo há 12.000 anos. A terra natal de Conan é a Ciméria, que corresponderia ao que hoje seriam os países escandinavos. Infelizmente a carreira de Howard durou pouco. O escritor faleceu em 1936, aos 30 anos de idade, apenas 4 anos depois de criar seu personagem mais popular.

 

Mas conan sobreviveu. Anos mais tarde, escritores como L. Sprague de Camp e Lin Carter continuaram a saga, criando novas epopéias do cimério e reescrevendo contos inacabados deixados por Howard. Ao longo das décadas vieram vários romances e coletâneas que chamaram a atenção do então editor-chefe da Marvel Comics Roy Thomas. Este sugeriu ao chefão Stan Lee que o personagem fosse transportado aos quadrinhos. Lee aprovou e assim, em 1970, nasceu a revista Conan The Barbarian, que logo se transformou em um fenômeno de vendas. O sucesso provocou o lançamento de mais um título, Savage Sword of Conan, mais voltado para o público adulto e que se tornou ainda mais popular ao trazer adaptações dos contos originais de Howard. Em toda a jornada de Conan pela literatura e quadrinhos, há que se destacar os geniais ilustradores que retrataram seu universo: Frank Frazzeta, Barry Smith, Jonh Buscema, Earl Norem, Alfredo Alcala, Tony de Zuniga, Joe Jusko, entre outros.

 
Tamanha popularidade motivou a produção de um filme. Conan, o Bárbaro (CB). Lançado em 1982, produzido por Dino de Laurentiis, com direção de John Millius, roteiro de Millius e do novato Oliver Stone, e estrelado pelo então desconhecido Arnold Schwarzenegger, o filme foi aclamado pelo público, e catapultou de vez o bárbaro para o estrelato.


 O que se tornou marcante em CB é que, assim como os contos de Howard iam além de uma mera história de fantasia, o filme foi também uma obra inteiramente autoral de Millius, e conseguiu ir muito além dos clichês esperados de um filme de ação.
As histórias de Howard, de maneira geral, foram construídas sob uma espinha dorsal que consiste no interrelacionamento de três elementos: o conflito humano, feitiçaria e monstros. O argumento básico é Conan se meter em alguma intriga envolvendo nobres e bandidos de todo tipo e, no decorrer dos acontecimentos, se deparar com feiticeiros sedentos de poder, criaturas monstruosas despertadas de seu sono ancestral e cidades misteriosas esquecidas pelo tempo. Devido a seu talento literário e capacidade criativa, Howard conseguiu criar excelentes histórias a partir desse argumento. Poucos, ou talvez ninguém, depois dele, conseguiu realizar obras do mesmo nível neste gênero.
Millius percebeu que deveria criar um filme épico, e a seu modo, conseguiu transportar para o cinema o espírito da saga original. Em CB temos um trabalho de fotografia exuberante, cada cena parece ter sido milimetricamente planejada e construída para formar uma sequência de imagens marcantes, como um conjunto de fotografias que vão sendo armazenadas na memória do espectador e criando um álbum inesquecível.
Uma característica importante vista em vários contos de Howard é uma grande ênfase em personagens secundários, muitos deles figuras mais realistas que contrastam com a imagem do homem idealizado que Conan representa. Millius também resgatou com competência esse aspecto, os coadjuvantes aparecem com destaque ao longo do filme. Até as pequenas participações foram incisivas, como a de Max Von Sydow no papel do Rei Osric. Este cuidado com as interpretações resultou em ótimas atuações, principalmente no notável Thulsa Doom encenado por James Earl Jones.
Claro que Millius cobrou um preço para fazer uma obra de tal beleza cênica, que foi descaracterizar a concepção original do cimério. O Conan dele é mais dramático, reflexivo e disciplinado. O Conan de Howard é mais brutal, arrogante e desenvolto. Conan na verdade jamais aceitaria a vida de escravo, como ocorreu em CB, preferindo a morte. De fato, em CB ele tem muito pouco de bárbaro. Toda esta licença poética de millius é inteiramente perdoada, devido a grandeza de sua versão e por se tratar de um filme autoral que justificou esse novo conceito.
Em CB, são poucas as cenas de batalha, a maioria dos confrontos são sutis, há um destaque para choques de olhares, de expressões e movimentos. Já o sobrenatural acontece de forma muito sutil, apenas com a feiticeira da cabana e a transformação de Thulsa Doom em serpente, e o monstro representado pela serpente gigante. Obviamente, naquela época não havia a facilidade de hoje para se criar efeitos visuais, o que dificultava malabarismos maiores em termos de cenas de magia e criaturas fantásticas.
Outro fator fundamental do filme são as diversas referências a episódios ocorridos nos contos clássicos. Entre elas: a cena em que lobos perseguem o bárbaro e ele se refugia em uma misteriosa caverna onde encontra o esqueleto de algum rei ancestral; o episódio da crucificação, extraído do conto A Maldição da Lua crescente (na qual faltou a cena clássica em que ele mata um abutre com os dentes); e o retorno pós-morte de Valéria (inspirado na pirata Bêlit, de A Rainha da Costa Negra). Outra referência são os próprios nomes de alguns personagens, como os citados Valéria e Thulsa Doom.
Mas o grande destaque do filme é a magistral trilha sonora esculpida por Basil Poledouris, sem dúvida uma das melhores da história do cinema. Ela é a principal responsável por transmitir ao espectador a atmosfera épica daqueles “dias de grandes aventuras”; conduzida de forma brilhante, com variações e andamentos que se encaixam com precisão cirúrgica a cada momento da epopéia.

Com a consagração de CB, não tardou para que os produtores investissem em um novo filme, e em 1984 estreou Conan, o Destruidor (CD). Dirigido por Richard Fleischer e também estrelado por Schwarzenegger, a proposta deste foi bem diferente de CB. Enquanto o primeiro foi uma adaptação autoral inspirada na literatura e com um direcionamento mais adulto, CD é uma aventura de fantasia mais típica, mais voltada ao público infanto-juvenil. Mas CD não é um filme ruim. Embora inferior ao anterior, é um bom filme de ação, bastante divertido e com todos os elementos clássicos da espada & magia.
Se pensarmos nos dois filmes em conjunto, é interessante notar como eles se complementam e formam uma retratação quase completa do universo de Conan. CD traz aquilo que ficou um pouco de lado em CB, é um filme com mais ação e o lado fantástico aparece com maior peso. Temos um combate contra um real feiticeiro, Thoth Amon, e um monstro de verdade, o demônio Dagoth.
A exemplo de CB, os personagens secundários foram valorizados. Vemos vários tipos curiosos e engraçados, como a guerreira Zula, adaptada dos quadrinhos e interpretada por Grace Jones, ou o mago Akira, único remanescente do primeiro filme. Diferente de CB,  em CD não há qualquer drama humano, as interpretações são todas hilariamente canastronas, acentuando aqui o clima descompromissado e descontraído que tanto marcou os filmes de ação dos anos 80.
Acertadamente, foi mantida a trilha sonora nas mãos de Poledouris, que proporcionou mais um espetáculo à parte.
Fica um ponto negativo por não haver na história maiores referências da saga original, como fez CB, a proposta foi mesmo mesmo contar uma história mais básica, baseada em HQs escritas por Roy Thomas, que também foi um dos roteiristas.


Desde então os conanmaníacos ficaram na expectativa de um terceiro longa. Mas, apesar da crescente popularidade do personagem nos quadrinhos, que chegou a ter várias revistas regulares simultâneas publicadas pela Marvel, os anos passavam e o novo filme não se concretizava. Um dos motivos era a inacessibilidade de Schwarzenegger, que havia se transformado na maior celebridade mundial dos filmes de ação e assim estava sempre com a agenda lotada. Infelizmente, a maioria dos produtores de Hollywood e dos fãs acreditava que só ele poderia interpretar o cimério a contento. O medo de se arriscar em um novo ator levava os projetos para a gaveta e os fãs ficavam apenas com os boatos.
O tempo passou, o Governador do Futuro ficou velho e ainda assim ele continuava sendo assediado para reencarnar seu primeiro papel de destaque. Chegou-se a planejar Conan Rei, filme que traria um Conan mais velho, na fase em que foi monarca da maior nação de sua era. Seria no mínimo tragicômico o Arnoldão, praticamente aposentado, no papel de Conan, mas, felizmente, quando o sujeito enveredou pra política, esse projeto foi descartado, e finalmente os produtores cinematográficos perceberam que deveriam buscar um novo ator.

Nos últimos anos, com a febre de versões cinematográficas para personagens dos quadrinhos, não tardaria a acontecer o tão aguardado terceiro filme.
E assim chegamos a 2011, quando, enfim, o “bárbaro maldito” volta à tela grande.


 Os pôsters foram bem chamativos e bem feitos, mas o trailer já demonstrava que não deveríamos esperar muita coisa. E não deu outra. Conan 2011 (C11) é bem fraco em todos os aspectos. Bem inferior até mesmo ao CD, que dirá se o compararmos ao CB. E as comparações são inevitáveis, pois a proposta de C11 é justamente apresentar uma nova versão para o clássico de 1982. O título é o mesmo, o que a partir de agora vai gerar uma eterna confusão na citação dos filmes (Pra mim Conan, o Bárbaro será só o primeiro; este será Conan 2011). Os gênios de Hollywood, em sua infinita preguiça criativa, optaram por recontar a origem do cimério na mesma linha garoto-vê-pais-serem-assassinados-cresce-alimentando-desejo-de-vingança.
Já que se trata de um remake, o diretor parece ter sido escolhido a dedo: ele é Michael Nispel, um especialista em refilmagens que não acrescentam nada às franquias originais, responsável por Sexta Feira 13 (2009) e O Massacre da Serra Elétrica (2003). Este último, especialmente, é um atentado contra o clássico de 1974.
Para o papel do protagonista, a opção foi por um ator desconhecido, a exemplo do que ocorreu em 1982, numa tentativa de revelar uma cara nova para Conan. O que me parece acertado, pois seria difícil engolir simplesmente o fortão da moda fazendo esse papel. O escolhido foi Jason Mamoa, que anteriormente havia feito basicamente papéis para televisão.
C11 basicamente copia as idéias dos filmes anteriores. De CB veio a idéia da vingança contra o homem que destruiu a aldeia natal. De CD, a idéia do sacrifício da pura mocinha para despertar o mal adormecido e conquistar o mundo. Há assim referências aos dois filmes. No início, a sequência do ataque à aldeia remete a CB. No final, temos a cena em que um ladrão ajuda Conan a invadir a fortaleza do vilão, lembrando CD.

O filme até inicia bem. Mostra o nascimento de Conan em um campo de batalha, como nos conta a saga original. Ao invés de leite, o bebê experimenta o sangue materno. Uma boa sacada. As sequências iniciais do jovem bárbaro na Ciméria são aceitáveis. Os realizadores também tiveram a feliz idéia de reproduzir, em todos os detalhes, a mesma espada utilizada em CB, que é forjada pelo pai de Conan no início de ambos os filmes, e ficou conhecida como A espada de Corin.
O problema é que logo o filme desanda para a pancadaria, sem que os personagens tenham sido convincentemente apresentados, e as cenas de luta passam a ser o único foco.
Não há história, não existe roteiro. As ações vão sendo encadeadas de forma totalmente atropelada, sem qualquer ritmo ou coesão. É aquele estilo desordenado de videoclipe que tanto irrita nas produções atuais de Hollywood. Em certos momentos, temos boas imagens de cenários e paisagens fantásticas. Mas essas cenas duram apenas frações de segundos, o espectador não tem tempo de aproveitar qualquer possível imagem envolvente, pois tudo tem que acontecer em velocidade de clipe pra dar tempo de serem despejadas na tela lutas intermináveis. Nispel não entendeu que o conceito de Howard vai além da mera pancadaria, há toda aquela sutileza de elementos de mistério, de horror e de magia.
Apesar disso, o filme ainda consegue se segurar durante a primeira metade. Temos alguns bons momentos no início da vingança de Conan e seu encontro com a heroína Tamara. Mas se perde totalmente a partir do momento do primeiro embate entre Conan e o vilão-mor Khalar Zym. Pouco mais do que nada acontece a partir daí, a não ser um interminável e sonolento duelo de espadas entre os dois. A única cena que quebra um pouco a mesmice é o confronto contra a criatura de tentáculos no fosso da fortaleza do vilão.
É impressionante como C11 conseguiu sub-utilizar todos os elementos essenciais desenvolvidos por Howard. Não há conflito humano, a magia se resume à monótona cena em que a filha de Zym, Marique, cria guerreiros de areia, e o montro é a criatura dos tentáculos. Aliás, se Marique é uma bruxa, ou aspirante a, não dá pra entender por que ela não lança mais nenhum feitiço durante todos os confrontos seguintes. Será que ela só sabia um truque? Bem, melhor não tentarmos entender o complexo roteiro escrito por Thomas Dean Donnelly e Joshua Oppenheimer e Sean Hood (Isso mesmo, foram necessários três para desenvolver uma trama-nada). Quanto aos personagens secundários, são todos uma lástima. O melhor amigo de Conan no filme tem uma participação tão medíocre que nem me lembro seu nome; os vilões são insossos; todos os coadjuvantes, inexpressivos.
Mas C11 possui pelo menos um grande mérito: o Conan propriamente dito ficou bem fiel ao original. A imagem que temos é de um verdadeiro bárbaro, mais parecido com o Conan de Howard do que nos outros filmes. Selvagem, mas astuto; sanguinário, mas leal aos amigos; que despreza as regras da civilização e segue seu próprio código de honra. Cheio de cicatrizes de incontáveis batalhas. “Eu vivo, eu amo, eu mato. E estou satisfeito”. Essa auto-análise do bárbaro incluída em um breve diálogo do filme foi extraída do clássico A Rainha da Costa Negra. Infelizmente é uma das poucas referências às obras clássicas. Mamoa não é nenhum mestre da interpretação, mas consegue convencer como bárbaro. Creio que nas mãos de um bom diretor, ele poderia tranquilamente continuar no papel em futuros filmes.
O grande engano de Nispel foi acreditar que bastava apresentar uma imagem fidedigna do cimério para garantir o filme. Assim, ele poderia dispensar direção e roteiro e empurrar a narrativa de qualquer jeito. Erro grave.
Em suma, o grande problema de C11 é buscar o lucro fácil em cima de um personagem famoso. Mas uma trama central simplista demais, erros de continuidade abusivos e uma preguiça imaginativa absurda botam tudo a perder. E a solução seria muito simples: porque simplesmente não adaptar um dos contos originais de Howard? Qualquer um deles daria um ótimo filme. Ou então que se contrate um dos escritores que o sucederam para desenvolver uma trama mais elaborada. CB adaptou vários trechos dos textos originais e CD teve a participação direta de Roy Thomas, um especialista em Conan. Já na nova película, parece que nenhum conhecedor da obra de Howard foi consultado. Lamentável.

No final das contas C11 é válido se o considerarmos apenas como uma reapresentação do bárbaro, uma forma dele chegar e dizer: “ei, eu sou Conan, e estou de volta”. Nesse sentido, podemos ter alguma expectativa quanto ao futuro. Novos filmes podem vir a seguir e, sem esse compromisso de contar origem, podem surgir boas idéias.
Além do que, ruim ou não, um filme promove o resgate do personagem, que gera outros produtos interessantes. Nesse embalo, A editora Évora lançou o livro Conan, O Bárbaro. Ainda que seja uma obra oportunista, como se percebe por ter o mesmo título e a capa ser simplesmente o pôster do novo filme, o livro tem um conteúdo bem valioso. Traz alguns contos originais de Howard que ainda eram inéditos no Brasil, além de sua única novela publicada, A Hora do Dragão.
Também está sendo produzida uma animação, adaptação do clássico Red Nails (Pregos Vermelhos). http://www.conanrednails.com/ . Pelas imagens no site, não parece ser grande coisa, mas ao menos é alguma coisa.
E a saga continua...


quinta-feira, 22 de setembro de 2011

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

WERWOLF



WERWOLF é a nova empreitada do Ric Ramos, editor do Janela Poderosa. Este zine é o início de uma HQ sobre um excêntrico e irresponsável rockstar que, após mais uma noite inconsequente, vai ver tudo mudar...


Vamos aguardar os próximos capítulos pra saber o desenrolar dessa trama.

Contato: Ric Ramos - janelapoderosa@gmail.com - http://www.janelapoderosa.blogspot.com/

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

BOM DE BRIGA


Certa vez comprei uma briga.

Depois a revendi, baratinho, baratinho.

A fila dos interessados virava quarteirão.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

RIOFAN 2011 E OS FILMES QUE NÃO FORAM CENSURADOS


Felizmente, nem tudo foi censurado no RioFan 2011, festival de cinema fantástico que aconteceu mês passado no Rio de Janeiro. Cabe então um post sobre alguns destaques do festival. Apenas um relato breve sobre algumas boas obras que merecem ser vistas. O festival apresentou vários outros filmes interessantes, muitos não pude assistir, o que espero conseguir em futuras oportunidades.


A CHEGADA DE YURI LENNON A ALPHA 46 / YURI LENNON’S LANDING ON ALPHA 46
Suíça/Alemanha, 2010. De Anthony Vouardoux. 

A ficção científica é um gênero delicioso e proporciona histórias que, se bem construídas, atiçam nossa imaginação e nos levam a mundos fantásticos e situações incomuns, mas sempre guardando relações diretas ou indiretas com a realidade. Este foi o melhor curta que presenciei no festival. Uma história bem simples, mas muito criativa. Yuri Lennon é um astronauta que descobre como, por vezes, uma simples ação pode trazer imensuráveis conseqüências.



O OGRO
Brasil, 2011. De Márcio Júnior e Márcia Deretti. www.oogro.com.br

O Ogro é uma animação baseada em HQ desenhada por Júlio Shimamoto, um dos maiores gênios dos quadrinhos brasileiros. A HQ foi originalmente publicada na revista Calafrio em 1984, e marcou o lançamento de uma nova técnica no uso do claro-escuro desenvolvida pelo Shima. Quem já viu e curtiu as memoráveis ilustrações desse artista, certamente irá se emocionar em ver seu trabalho ganhar movimento e sonoridade. E como se já não bastasse esse momento mágico de ver tal arte projetada na tela grande, ainda tive a sorte de ganhar um cartaz autografado, artefato que será sem dúvida eternamente guardado. O filme ficou muito bem feito em todos os aspectos, essa iniciativa merece muitos aplausos. O único defeito é ser muito curto, pois ficamos querendo mais quando surgem os créditos. E esperamos que venham mais! Aliás, fica a idéia para que outros clássicos dos quadrinhos nacionais sejam adaptados, não só do Shimamoto, como dos diversos talentos espalhados por aí.



COMANDANTE TREHOLT E SUA TROPA DE NINJAS
Kommandør Treholt & ninjatroppen
Noruega, 2010. De Thomas Cappelen Malling. 
www.ninjatroppen.no

Uma bagaceira completamente sem noção produzida por um bando de malucos escandinavos. Quem assistir esse filme por acaso sem ter nenhuma informação sobre, vai jurar que foi feito nos anos 80. E a idéia é essa, resgatar aquela tosquice e criatividade dos 80, sacaneando todos os clichês da época e utilizando, inclusive, a mesma qualidade de imagem. Muita crítica política, situações absurdas e personagens caricatos. Diversão garantida em qualquer época, para todas as gerações.



A NOITE DO CHUPACABRAS
Brasil, 2011. De Rodrigo Aragão.  www.fabulasnegras.com

Rodrigo Aragão já tinha causado grande impacto com seu filme anterior, Mangue Negro. A utilização do gênero zumbis mesclada com a cultura brasileira foi uma grande sacada, e somado a isso a qualidade impressionante dos efeitos visuais, resultou no inevitável: Mangue Negro se transformou em Cult e, consequentemente, A Noite do Chupacabras foi o filme mais aguardado do RioFan. É uma grande satisfação quando vemos produções nacionais terem esse prestígio. E o melhor que tudo isso não é elogio de Galvão Bueno, ou seja, não é ufanismo barato. São filmes realmente bons; divertidos e de uma qualidade técnica impecável, no mesmo nível de produções estrangeiras e com recursos muito mais limitados. A Noite do Chupacabras sem dúvida atendeu às expectativas. A história é bem típica de outros filmes do tipo monstro que caça humanos, mas foi bem montada, apresentando algumas surpresas em seu desenrolar, com muita sangueira e personagens bizarros. É o horror invadindo as paisagens tupiniquins.




quinta-feira, 11 de agosto de 2011

APRESENTANDO



Não sou
Não tenho
Não uso
Não faço
Não quero
Não vou
Não sei
Não nego
Não fim
Assim
Proclamado como Todo